Quebras de clichês nas leituras


Como a minha vontade de comentar sobre acontecimentos inesperados em mangás não tão conhecidos é grande, porém a falta de essência das obras impossibilita o ato de recomendar, tive a ideia de criar tal blogue. Saindo do clichê de forma significativa para a demografia ou no enredo que as histórias possuem, há tanto citações de capítulos específicos quanto leituras inteiras que são completamente modificadas na visão do legente após determinado plot. Enfim, tenha uma boa leitura e saiba que este não é um blogue de indicações, já que até considero algumas das obras abaixo péssimas, sendo abordadas simplesmente pela temática principal — sem estragar a minha reputação com recomendações, por favor.


Troca de corpos.


Uma temática que costuma, na maioria das vezes, ser abordada em uma pegada simpática com humor, explorando a curiosidade pelo corpo do indivíduo alterado, além de muito constrangimento, desenrolamentos afetuosos envolvendo amizade ou romance e, em alguns casos, ecchi, por exemplo, o mangá Yamada-kun to 7-nin no Majo. A trama narra a vida do protagonista delinquente que teve seu corpo trocado pelo da garota mais inteligente da escola após beijá-la acidentalmente. A obra desenvolve o roteiro puramente no sobrenatural, como a maior parte, contando também com o entrelaçamento de outros colegiais no estranho evento, sendo, literalmente, uma verdadeira bagunça, porém progredindo com um ritmo engraçado e despretensioso.


Outros exemplos: Kokoro Connect e Kimi no Na wa.


Boku wa Mari no Naka.


  • Autor: Shūzō Oshimi;
  • Volumes: 9;
  • Capítulos: 80;
  • Status: finalizado;
  • Período: 06/03/2012—06/09/2016; 
  • Gêneros: mistério, drama, romance, psicológico e drama;
  • Demografia: seinen;
  • Serialização: Manga Action.


➲ Leitura recomendável.


A história conta sobre a perspectiva de Isao Komori, um rapaz que, inicialmente, desperdiça sua vida somente jogando e se masturbando, considerado um hikikomori após largar a faculdade. Os únicos momentos que Isao procura sair de casa para algum contato social é para observar de longe uma bela estudante em uma loja de conveniências, contudo, nunca toma iniciativa para começar uma conversa. Até que em um dia, Isao acorda em um corpo diferente, justamente o da garota que ele mais observa, chamada Mari Yoshizaki. Assim, o protagonista precisa aprender a se adaptar à sua nova vida, escondendo a identidade e procurando a verdade deste fato curioso, principalmente sobre o "paradeiro" da jovem. Após essa premissa, é possível ter a presunção de considerá-la como um clássico conto de troca de corpos levado para o lado cômico. O diferencial da leitura em si é o foco no drama psicológico do Isao, tentando se adaptar ao novo corpo, além da aflição gerada pelos seus inúmeros conflitos internos. Sendo a essência do enredo o desenvolvimento da saúde mental, o mangá consegue passar o peso na mente confusa e perdida do protagonista.


Quebra.


Seus capítulos finais revelam um plot twist atrás do outro, que aumenta cada vez mais o interesse do leitor. A quebra de expectativa é, no final, inesperado, provavelmente longe de qualquer conclusão possível para resolver o mistério da obra. O mangá com "mudança de corpos" é mais próximo da realidade por se resolver como um caso de transtorno de múltiplas personalidades envolvendo a Mari — o Isao protagonizado em toda a obra era somente um personagem forjado pela mente da heroína principal. Surpreendente, mas também um pouco decepcionante como finalizou de uma forma tão vazia, entretanto, original, cabendo a interpretação subjetiva do leitor. É possível perceber a simplicidade do enredo geral, uma quebra de expectativa para os que esperavam algo além disto, mas também a admirável e conturbada complexidade da mente humana.


Protagonista obstinado.


Talvez o clichê mais famigerado pela comunidade, o infalível protagonismo, constantemente engrandecendo e protegendo contra todos os males o herói principal para derrotar o oponente. Não importa quantas vezes o personagem sofra, seu objetivo é claro e não existe a possibilidade de simplesmente desistir, ignorá-lo ou morrer em combate. Um exemplo que todos já estão cansados de saber sobre é o Seiya de Pégaso, da obra Saint Seiya, que tem o propósito de defender Athena, já que é o principal cavaleiro, não se afetando com todo o tormento durante o processo da batalha, afinal, tanto sua estrutura física quanto psicológica são inabaláveis, e usufruindo sempre do "upgrade" aleatório no final.


Outros exemplos: Fairy Tail e Bleach.


Dear Boy.


  • Autor: Sgt.;
  • Volumes: indefinido;
  • Capítulos: 75;
  • Status: finalizado;
  • Período: 03/12/2014—27/07/2016;
  • Gêneros: ação, drama e escolar;
  • Demografia: indefinida;
  • Serialização: Lezhin Comics Webtoon.


A história é protagonizada pelo estudante Yong Ju, um jovem que se comporta de forma indiferente às constante judiações sofridas por seu amigo Dong Ho, provocadas pelos "bullies" abomináveis da classe. O moçoilo não compreende o porquê do seu colega nunca revidar, observando toda a agressão com um olhar insensível e superior, fora o intuito de se manter invisível para evitar a perseguição. Entretanto, a situação muda quando Dong Ho simplesmente desaparece da escola, deixando Yong Ju como alvo principal dos marginais da turma. O protagonista, assustado por permanecer no lugar do amigo — algo que ele sempre temeu e procurou evitar —, decide se defender de qualquer agressão, confiando em seu esforço nas futuras lutas. Um mangá com um herói egoísta que só visa no próprio bem-estar, negligenciando o problema do bullying, um tema que é abordado na leitura com muita violência, imoralidade e trazendo diversas reflexões para o legente. Capaz de proporcionar variadas perspectivas, a obra tem a competência de transmitir facilmente o sentimento de angústia e aflição dos personagens, mesmo com o terrível traço rústico que desagrada a inúmeros leitores.


Quebra.


Enfim, qual seria o plot diferenciado de Dear Boy? Um protagonista motivado a se defender, agir diferente do amigo "covarde" e vencer os tão temíveis delinquentes com sua autoconfiança. No começo da perseguição de Yong Ju, revelando seu psicológico atormentado, o rapaz ainda busca agir de forma racional, tolerando o bullying silenciosamente e treinando todos os dias em casa para fortalecer o físico. O objetivo do personagem principal é claro: quando estivesse forte o suficiente, iria derrotar gradualmente seus agressores, seguindo a "hierarquia dos marginais". Yong Ju até derrota um deles, enchendo-se de confiança e planejando atacar prontamente o "líder" da gangue. Infelizmente a luta ocorre e o protagonista perde, sendo avisado pelo delinquente psicopata que a perseguição iria aumentar consideravelmente. Assim, Yong Ju vê como a única opção o suicídio, tacando-se do terraço da escola. Sim, o herói principal tenta se matar após perder uma luta, apesar da força do protagonismo e toda a determinação, digamos, momentânea. No entanto, o garoto não morre, mas permanece em um coma acarretado pela hemorragia cerebral. Algo inesperado e quebrando brutalmente o clássico clichê shounen que conhecemos bem. O mangá não finaliza depois do incidente, só para deixar claro, quem assume o papel de protagonista é o irmão do Yong Ju com o propósito de vingança estilo o manhwa Dokgo.


Triângulo amoroso.


Em grande parte das histórias, é possível contemplar o famoso triângulo amoroso, principalmente em obras do gênero romântico e até as que colocam a temática em segundo plano, como é o caso de Chihayafuru. O mangá gira em torno do jogo Karuta e o aperfeiçoamento gradual dos personagens, com campeonatos, disputas internas e conversações entre o elenco. Protagonizando a trama, há a heroína Chihaya e seus clássicos amigos de infância, Taichi e Arata. Nesse dilema, o trio principal tem pouquíssimo engajamento para desenvolver uma relação amorosa de verdade, limitando-se apenas a uma rivalidade entre os pretendentes da moçoila principal. Não generalizando, existem diversas outras obras que utilizam de tal artifício, mas progridem o relacionamento dos indivíduos sempre no padrão convencional: hostilidade, ciúmes, momentos adoráveis de aproximação gradual do "alvo" — espécie de fanservice para quem adora "shippar" — e, normalmente, a indecisão do ser que precisa fazer a escolha decisiva do par ideal. 


Outros exemplos: Hirunaka no Ryuusei e Ao Haru Ride.


Ibitsu.


  • Autor: Kazuto Okada;
  • Volumes: 7;
  • Capítulos: 63;
  • Status: finalizado;
  • Período: 23/03/2010—08/02/2013;
  • Gêneros: drama, ecchi, psicológico e romance;
  • Demografia: seinen;
  • Serialização: Young Champion Magazine.


Um mangá verdadeiramente excêntrico, começando com Keigo Kakiguchi, um adulto que se assemelha a um pré-adolescente pelo pequeno porte físico, que é confundido com um molestador no trem pela misteriosa Madoka Moritaka. Assim, depois desse desagradável encontro, a menina começa a chantagear o rapaz através de uma foto vergonhosa e, por determinadas circunstâncias, acaba morando com Kakiguchi. A trama em si é muito pervertida e grosseira, tudo em volta de um mistério erótico sem o mínimo de afeição ou empatia. Os personagens principais trocam situações safadas, principalmente, com suas partes íntimas por puro prazer ou curiosidade na satisfação sexual. É uma obra fraca e possui um enredo confuso, realmente não recomendável já que o elenco mostra um desenvolvimento bem porco mesclado a um ecchi com fetiche distorcido — é perceptível que somente o último importa na história por parte do autor.


Quebra.


Mesmo havendo esse roteiro problemático e repugnante, se interpretado com "vista grossa" ou em um padrão normal, teria o casal principal, Madoka e Kakiguchi, junto ao clássico "rival amoroso", o qual seria o professor obcecado pela rapariga. Bem, a fuga do clichê seria quando o tal perseguidor violenta sexualmente o Keigo, grava e envia os acontecimentos para a Moritaka. Ok, perturbador e saindo completamente dos critérios morais e compreensíveis do personagem. A obra não é classificada como shoujo e tem seu conteúdo repleto de libertinagem, porém, ligeiramente houve uma "ligação" especial entre os protagonistas e isso é quebrado de forma tão bestial, além de ser totalmente inimaginável no quesito de desavenças entre o trio. Após o episódio, não ocorreu uma mudança drástica no relacionamento dos personagens, afinal, o mangá é péssimo, mas tive a intenção de citá-lo pelo choque obsceno e repentino que ele provocou ao legente, sinceramente, longe de qualquer expectativa.


Casal puro.


Um romance encantador e sem malícias é o aspecto marcante dos adoráveis casais "puros" pertencentes, especialmente, à demografia shoujo — todavia, se procurá-los com um olhar amplo, verá em diversas outras obras relações tímidas. O clichê que é tratado aqui seria os pares que possuem total acanhamento com toques físicos comuns em um relacionamento amoroso. Além de serem extremamente lentos, tanto no contato corpóreo quanto em diálogos normais, necessitando de inúmeros capítulos para desenvolver o procedimento de intimidade, o casal acaba tornando a experiência de acompanhar a trama desgostosa, por exemplo, a obra Kimi ni Todoke. Focando na convivência da incompreendida Sawako e o perfeito Kazehaya, o mangá enrola capítulos para proporcionar entre os personagens um simples beijo. Compreendo que alguns casais são mais encabulados, mormente, os japoneses, porém, convenhamos que essas embromações são tediosas e, em grande parte, contribuem para atrasar a relação dos principais.


Outros exemplos: Hibi Chōchō e Hadi Girl.


Akuma to Love Song.


  • Autor: Miyoshi Toumori;
  • Volumes: 13;
  • Capítulos: 91;
  • Status: finalizado;
  • Período: 12/2006—05/04/2011;
  • Gêneros: drama, romance e escolar;
  • Demografia: shoujo;
  • Serialização: Margaret.


O mangá narra sobre a vida da problemática e belíssima Kawai Maria, uma estudante que foi expulsa de um conservador colégio católico por agredir uma professora, como afirmado pela protagonista com orgulho e não demonstrando arrependimento. Logo em seu primeiro dia de aula, Maria não deixa uma boa imagem pelo seu comportamento, aparentemente, arrogante e "metido", sendo já considerada alvo pelas meninas da turma. Kawai age de forma inabalável, querendo superar todas as adversidades geradas pela sua má reputação com muita frieza e indolência. É um shoujo agradável de ler, com uma heroína principal singular diferente das outras protagonistas dessa demografia que são caracterizadas pela simploriedade, não generalizando, claro. Em suas aventuras pela escola, a protagonista acaba se aproximando dos bonitões da sala, já criando, assim, o famoso harém inverso, algo de que, sinceramente, não sou fã.


Quebra.


Porém o fato da protagonista ser valente e destemida não é o motivo do mangá Akuma to Love Song ter sido posto na lista. A obra revela assunto pesados, como perseguição dos "bullies" e, principalmente, diversos elementos no passado traumático de Maria. A menina gerada de um abuso sexual ainda presenciou, quando criança, o suicídio da matriarca ocasionado por todo o abalo psicológico da gravidez, assim, Kawai evita qualquer contato físico muito brusco, pois relembra automaticamente do tenso momento da mãe — se quiser mais detalhes do porquê, indico ler a obra. A quebra de clichês desse mangá é quando o principal pretendente da protagonista, um rapaz calmo, fechado e romântico, depois de já criarem um certo vínculo, tenta abusar Maria em cima de um piano, motivado por pura obsessão e inconsequência. Na situação, obviamente, a moçoila entra em desespero, só conseguindo chorar enquanto passam flashbacks do seu passado. O assédio só não passa das preliminares, pois o meliante sofre um grande corte na mão por uma parte afiada do instrumento. Após tal ocorrência, o rapaz acaba com um empecilho em sua carreira de pianista e a protagonista fica emocionalmente instável por alguns capítulos. É algo muito fora do comum se formos comparar com alguns casais que acham um grande feito andar de mãos dadas. Abuso sexual, mesmo não sendo abordado com frequência, já foi visto em outras leituras da demografia shoujo, por exemplo, Hana Yori Dango; todavia, só para esclarecer, tanto o ritmo do mangá quanto a personalidade dos personagens não davam indícios de ocorrer a eventualidade citada previamente.


Propósito e satisfação.


Obras que abordam doença terminal ou pouco tempo de vida têm a ideia base de repassar mensagens, como: valorizar ao máximo o momento, aprender com suas ações, cativar pessoas, entre outras. Claro que há aquele desespero e tristeza na trama, porém o personagem problematizado, querendo ou não, imagina um propósito específico para elaborar durante seu breve período. Diversifica desde viver para agradar alguém e proporcioná-la ótimas lembranças até seguir uma realização pessoal. É o caso da Kaori, de Shigatsu wa Kimi no Uso que, com uma enfermidade grave, a menina toca seu violino o melhor possível para se sentir satisfeita consigo. Também tenta manter o bom ânimo para harmonizar o ambiente ao redor e agradar aos seus amigos, que são acarretados dessa circunstância de "viver a vida da melhor forma possível". É uma lição bela, mas, quando se nota de forma direta a proposta da obra, torna-se facilmente presumível o comportamento dos personagens nesse contexto de tentar exercer um bom ensinamento étnico/moral no enredo. Ainda existem mangás que se sustentam somente nessa melancolia oscilante para progredir a trama, algo que, na minha opinião, é muito limitado.


Outros exemplos: Kyō no Kira-kun e Boku no Hatsukoi o Kimi ni Sasagu.


Jumyou wo Kaitotte Moratta.


  • Autores: Sugaru Miaki e Shouichi Taguchi;
  • Volumes: 3;
  • Capítulos: 18;
  • Status: finalizado;
  • Período: 10/08/2016—25/10/2017;
  • Gênero: drama;
  • Demografia: shounen;
  • Serialização: Shounen Jump+.


➲ Leitura recomendável.


Uma obra relatando o cotidiano de um rapaz de vinte anos após vender o seu tempo de vida para uma peculiar loja. O motivo para tal feito é que o rapaz se encontra em um completo vazio, sem nenhuma perspectiva, além da péssima condição financeira, tendo que vender pequenos objetos restantes de sua mobília com o intuito de comprar alimentos. Nesse estado lastimável, podendo-se dizer, no fundo do poço, o protagonista resolve vender seus 30 anos restantes para ganhar 30.000 ienes mensalmente por três meses — sendo o tempo de vida restante do moçoilo. Durante esse período, ele convive com uma observadora para vigiar suas ações e dar alguns comentários prestativos ou sarcásticos sobre determinadas atitudes do protagonista. A obra é complexa e traz variadas reflexões nos monólogos do casal principal abatido de forma dinâmica e coincidente com o roteiro genuíno.


Quebra.


Com essa premissa, é bem capaz da história ser superestimada, como diversos outros contos com a mesma proposta. Entretanto, o grande diferencial desse mangá é a inércia do protagonista perante a todos seus objetivos, que são forjados como uma "obrigação" pela ideia comum dita anteriormente. Ele não tem propósitos claros, até sua pequena esperança de repor algo bom em seu curto período é pouco a pouco desiludida. Jumyou wo Kaitotte Moratta apresenta um herói esquecível que já se entregou aos seus problemas internos, integralmente decepcionado com sua própria existência, ainda com o fato de seu valor monetário não atingir o esperado. O personagem vive seus dias como antes da venda sem aprender nada de diferente; sendo que se ele possuísse a chance de voltar ao passado para recomeçar, possivelmente, faria tudo novamente de maneira negligente consigo e com quem teve a mínima intenção de ajudar. O protagonista niilista só reflete sobre sua situação atual e mantém um "loop" com seus devaneios facilmente arruinados com a resposta indiferente da realidade.


Monster girl.


A famigerada abordagem de "garota monstro" serve de artifício objetificado para os previsíveis clichês de ecchi e harém, em que o generoso protagonista consegue encantar, de forma involuntária, suas "submissas domésticas". Monster Musume no Iru Nichijou é um exemplo fácil dessa premissa abundante no mercado nipônico, sendo, resumidamente, sobre Kimihito Kurusu, um homem solteiro que participa, de repente, do programa "integração de interespécies à sociedade" e acaba "adotando", aos poucos, as mulheres da história. Só pela breve sinopse, já é perceptível o propósito brusco de lucrar com as "monsters girls" estereotipadas à custa de fetiches peculiares. Apesar disso, o objetivo aqui não visa explorar a finalidade financeira da obra, e sim suas ferramentas convenientes de roteiro. Um herói principal genérico e idealizado que cuida do harém e passa por cenas eróticas obrigatórias mescladas a um romance mecânico. Todo o elenco é deveras privilegiado, não? Principalmente as meninas, pois, logo com tantas pessoas perversas no mundo, elas se encontraram com um bom samaritano unidimensional. Assim, a permanência dependente das personagens femininas ao lado de Kimihito é compreendida pelo público, afinal, estão incontestavelmente "apaixonadas".


Outros exemplos: Jitsu wa Watashi wa e Elf-san wa Yaserarenai.


Ogeha/Quebra.


  • Autor: oimo;
  • Volumes: 3;
  • Capítulos: 15;
  • Status: finalizado;
  • Período: 14/02/2015—17/08/2016;
  • Gênero: drama, sci-fi e slice of life;
  • Demografia: josei;
  • Serialização: Comic it.

Já nesta obra mais desconhecida, a singularidade é melhor utilizada dentro de um contexto, explicitamente, diferenciado. Um jovem estudante chamado Satoshi Kiji encontra, no meio da noite, uma alienígena "insectoide" semelhante a uma borboleta e, após achá-la intrigante, leva-a para a casa. O protagonista, possuindo problemas sociais notórios ou, até mesmo, beirando à sociopatia, trata com forte negligência o indivíduo espacial nomeado de Ogeha. Desatento sobre os cuidados básicos daquela criatura dependente, Satoshi ainda a menospreza pelo fato de enxergá-la como um mero inseto de estimação; já a alienígena, privada de sair e sem conhecimentos humanos, considera o comportamento sem zelo do "proprietário" normal. A leitura categorizada como josei gira em torno do relacionamento abusivo entre os dois, retratando uma temática polêmica e disponibilizando outro ângulo sobre tal artifício famigerado, graças ao inesperado carisma destorcido de Kiji. Só para constar, há uma evolução no relacionamento do casal, uma sequência de erros e acertos até gerar uma carência mútua de ambos. Enfim, apesar de não ser um ótimo mangá, merece uma notoriedade pela experiência divergente proporcionada ao leitor.


Conclusão.


Espero que tenha gostado do blogue e se surpreendido tanto quanto eu com alguma ocorrência citada nos tópicos anteriores. Uma leitura simples, porém possuindo abordagens polêmicas que causam um espanto e incômodo compreensíveis para determinados leitores acostumados com clichês — ou o padrão convencional. "Quebras de clichês nas leituras" teve sua temática explorada de forma abrangente com variados mangás que eu recordei vagamente. Sinto não ter colocado obras melhores, mas o blogue está finalizado e isso já me satisfaz. Sim, eu faço comparações extremas.

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